segunda-feira, 27 de setembro de 2010

e sem perceber, encontra-se em um momento crucial...


De repente, vem à sua mente o primeiro dia de aula, aquele em que você chorava porque não queria ficar, não suportava nem olhar a cara da professora, era tudo um tormento. Mas, ainda assim, seus gostos não eram realizados, você tinha que ir... e com o passar do tempo, talvez pela rotina, não é que você gostasse, mas, havia se acostumado. Começa a ter colegas, a brincar, sorrir e percebe que é por ali mesmo o seu caminho. Passam-se anos, começamos a nos desenvolver; a educação toma proporções ainda maiores, você começa a ser cobrado por aquilo e ouve diariamente: "estude para um dia fazer uma faculdade", isso já era clichê, os ouvidos até se acostumavam. Iniciam-se grandes amizades através dos animados momentos de convívio, e sem perceber, junto àqueles amigos, você cresce, começa a ter um novo olhar sobre o mundo e sobre os que lhe cercam.
De repente, lembra-se dos inúmeros professores que passaram, e que sempre lembravam: "estudem, nada disso é em vão. Um dia vocês vão precisar". Mas, aquilo parecia não fazer sentido algum; era simples: estudávamos para as avaliações parciais e pronto, sentíamo-nos satisfeitos. O início de cada ano era sempre marcado pelas mesmas promessas de sempre - "esse ano eu estudo", mas aí, o tempo vai passando e essas promessas vão sendo esquecidas, perdem seu valor. Se iniciam novas etapas... aqueles amigos lá do fundamental que pareciam ser eternos, você já nem tem mais contato, de uns, nem o nome lembra; vai percebendo que poderia ter aproveitado muito mais, ter curtido mais aqueles companheiros que o tempo se encarregou de distanciar, ou a culpa talvez seja nossa; vê também qcomo era tudo maravilhoso: sonhos puros, inocentes, verdadeiros, ainda não nos havíamos corrompidos pela podridão que a humanidade forma em nós. O ensino médio já te leva pra uma visão ainda mais ampla, é hora de correr atrás do tempo perdido, hora de colocar as coisas no lugar, afinal, é a reta final para o tão sonhado vestibular. Só que aí, você trapaceia a si mesmo, e faz de conta que sabe o que está fazendo. A fase final do tempo de colégio vira só alegria, farra, animação... é até então,tudo maravilhoso.
'De repente, não mais que de repente', parece que o tempo voou, e você se encontra no 3° ano do ensino médio prestes a fazer a prova do vestibular para concorrer a uma vaga da faculdade. Sim, é o momento crucial, é onde você realiza aquilo que escuta desde pequenininho. Hora de escolher qual a carreira a ser seguida, aquilo que se passou toda uma vida se planejando se desmancha em uma semana, e novos sonhos se plantam. O medo é um forte inimigo, insegurança, incerteza também colaboram. Nem parece real... poxa, tudo muito rápido. Aí o que resta é arricar-se. Colocar-se sob um teste que pode mudar teus rumos... e o pior: você nem havia reparado que ja era o momento, até esqueceu que deveria ter passado não só um mês de noites em claro, ele não resolveria; talvez, iniciar bem antes seria mais eficaz. Talvez, fazer valer a pena os momentos estressantes entre letras e números faria um efeito maior. Só que o tempo de pensar ja passou, não dá pra retornar e consertar um erro assim. Você chega ao local de prova, vê-se rodeado por concorrentes que mal te olham. Abre a prova, se encontra um tanto perdido em algumas coisas, certo em outras ... no final, só resta a certeza de que é preciso ir muito mais além do que o que se é colocado. E percebe que se você não toma as rédeas da tua vida, coisas supérfluas vêm e tomam. As lágrimas que caem não resolverão nenhuma questão de matemática, nem te farão lembrar das aulas de química, e muito menos te darão respostas de biologia. O que resta? seguir em frente. Nunca foi fácil para ninguém. É preciso muito esforço, coragem e determinação. É preciso colocar os sonhos em um locall não muito alto, onde possamos alcançar, mas que também não seja muito baixo, pra não correr o risco de se misturar com as outras coisas. Necessário mesmo, é não se martirizar pelo que passou, pelas oportunidades perdidas... é saber que experiências se somam para o alcance do que é verdadeiramente nosso!

"Deus me entregou bem mais do que eu mereço, talvez seja por isso que eu me cobre sempre mais. Não que eu não seja capaz, mas as vezes é dificil... Não que eu não queira acertar, mas nem sempre é possível" (Pe. Fábio de Melo)

Esse texto fiz baseado em meus próprios sentimentos, visto que estou nessa fase de vestibular, mas também sei que esse momento de nostalgia, tensão, nervosismo é comum em todas as mentes de pré-universitários =)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010


AUSÊNCIA
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinícius de Moraes
 
Postei este poema, porque é o meu favorito de Vinícius. Embora já um pouco conhecido, poderia ler mil vezes, e em todas, sentiria a emoção com que as palavras são descritas. Um misto de amor e despedida embala esse maravilhoso poema. Salve, salve grande Vinícius!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sempre o mesmo círculo vicioso:


da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete, às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim(..)

Caio F.

sábado, 11 de setembro de 2010

O que nos leva a escolher uma vida morna...?

Hoje, parava pra pensar, que motivo teríamos para tal escolha. Talvez a nossa própria incerteza, seria uma resposta cabível. 

Para tudo, há um "contra", algo retroativo, é como se não pudessemos nos satisfazer completamente. Há receio no sorrir, no abraçar, no agir, no amar... Somos incertos para toda e qualquer ação, como se não tivessemos capacidade de driblar os obstáculos [eis a questão: será que temos essa capacidade?]. Pior que isso, é a incerteza quanto às pessoas. Já não se sabe em quem confiar, em quem acreditar. É complicado encontrar alguem em que se possa depositar confiança, e ousar chamar de amigo; parece que com o tempo, nós humanos, vamos perdendo um pouco da sensibilidade e nos tornando mesquinhos, individualistas, como se nós já nos bastássemos. Tá, não seria uma má idéia poder não necessitar tanto de outras pessoas; poder relacionar-se, mas sem haver tanta precisão um do outro. Talvez assim, pudessemos colocar em prática nosso egocentrismo desacerbado, nossa hipocrisia acentuada... pelo menos assim, não machucaríamos tanto os outros. Mas, que graça teria? A beleza encontra-se justamente na relação de necessitar um do outro, para percebermos que, estamos errados ao nos acharmos auto-suficientes.
Somos cercados por inúmeras ações que nos levam a refletir, questionar, se o que acontece é verdadeiro. Nem sempre, temos a capacidade de discenir as certezas e incertezas; o acúmulo desta última, nos faz ter uma vida morna, desconfiada, até mesmo covarde, por não provarmos da felicidade com medo de nos ferir. Ah, mas tem uma questão: será que isso que eu chamo de felicidade, é realmente a felicidade? ou é só mais uma ilusão, mais uma incerteza?
Eu vou ficando por aqui, com minhas incertezas, procurando ao menos ser feliz dentro de minhas convicções, se é que essas ainda existem...

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

'Estou, estou...


Bom, feliz talvez ainda não. Mas tenho assim... aquela coisa... como era mesmo o nome? Aquela coisa antiga, que fazia a gente esperar que tudo desse certo, sabe qual?
— Esperança? Não me diga que você está com esperança!
— Estou, estou.'
(Caio F.)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir..

... Não sou pretensioso.  Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas."
 [Clarice Lispector]

E tão somente por isso, dou início ao meu blog. Apenas pela vontade de escrever, de falar comigo mesmo, de entrar no meu mundo, conhecer mundos novos... 
...e lá vou eu!